quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009

Vivi à queima-roupa todo o calendário. No relatório policial ficou apenas declarado a minha inocência. Mas, de facto, eu estava lá.

( Vasco Gato, Omertà )

2010

Diário

Seja o que for
Será bom.
É tudo.

( Daniel Faria, Poesia)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009


hoje por mais inteiro que pareça
The shy retirer

another bloated disco, another sniff of romance i'll forget

we promised to ourselves before we came out we'd do something we regret
these people are your friends
this cunted circus never ends
i won't remember anything you say

i lost my social skills a while ago but no i feel them coming back
my eyes were rolling when we met and now they are preparing for attack
i want to fall in love tonight and form the perfect unbreakable bond
you can be my teenage jenny agutter, swimming naked in a pond
you know i'm always moanin'
but you jumpstart my seratonin
but how d'you know you've ever really loved?

but when i feel like this, i know it doesn't matter
when i eat when i'm not hungy i'm sure i feel my face get fatter
then i thin out every weekend and i think that she might want me
but i always slip off my own 'cause...

i let those feelings haunt me, they control me, but tonight i'm letting go
you're more then just a photo album, you're more than what some people let you know
and if we ever make it home, i'll tell you all the things that shaped me thus;
something forged in a phonebox but lost in a restaurant we've got so much to discuss
here, have you tried the blue ones?
i hear he's got some new ones
sleep is not an option tonight

look at us just stand and stare
look at them just pose and pout
and we'll all be standing here 
until the pigs chuck us out

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

mails que nos aquecem as manhãs


«o amanhã é dos loucos de hoje» (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

tempo cíclico
Creation mandala - ouroboros is giving life to Earth
hoje de manhã foi assim:
8:00am 
-és uma MERDA!
9:00am 
o autocarro passa no silencio das minhas costas enquanto eu me distancio no Tejo
9:45am
leio na Triologia de Nova Iorque, de Paul Auster:
"...de qualquer modo, isso faz parte da doença que estou a tentar curar.
- Uma linguagem nova?
- Sim. Uma linguagem que, finalmente, diga o que temos a dizer. Pois as nossas palavras já não correspondem ao mundo. Quando as coisas eram um todo, podíamos confiar nas nossas palavras para as exprimirem. Mas essas coisas fragmentaram-se aos poucos, rasgaram-se, ruíram num caos. E, no entanto, as nossas palavras permanecem as mesmas. Não se adoptaram à nova realidade. Assim, sempre que tentamos falar do que vemos, estamos a falar com falsidade, distorcendo assim precisamente aquilo que tentamos representar. E agora é tudo uma confusão.(...)"
decido parar um bocado. por hoje não quero ler mais nada.
distraio-me com a inquietação de uma mãe e duas crianças loiras que a tentam roubar ao Metro.
ainda faltam 4 estações, arrumo-me no banco, e coloco o livro no meu saco. vejo então que está lá outro e não lhe resisto, tiro-o para ficar no plano de total alcance dos meus olhos. a capa faz-me desde logo suspirar pela memória do mesmo, vejo que tenho um post-it azul, abro nessa página, que é a última. no post-it está escrito "tempo". lembro-me perfeitamente de o ter escrito com o escantilhão, numa noite, sozinho na minha mesa da cozinha, depois de jantar. e pensar que quando me esquecesse dele ele iria re-aparecer, no tempo certo. leio:

Sabemos que o tempo passou
Que alguma coisa deveria ter sido dita
(talvez depois, talvez mais tarde)
Deixamos atrás de nós
Uma sequência desconexa de gestos irreparáveis
E, feridos,
Por todas as coisas
que poderíamos ter evitado a nós próprios
Caminhamos para o silêncio
E para a escuridão indefinível dos bosques.

Luís Falcão
em, PÉTALAS NEGRAS ARDEM NOS TEUS OLHOS

10:05am
chego e enquanto arrumo o meu casaco na cadeira vejo que tenho na minha secretário o livro; Pequena história do Tempo, de Leofranc Holford-Strevens.

algo me diz que hoje vou ouvir que sou uma MERDA, outra vez.


leituras de hoje

"A medição do tempo não se rege exclusivamente por objectivos temporais. Os calendários sempre foram dominados e determinados por exigências sociais: as colheitas agrícolas, os rituais (religiosos e não só) e também as contingências políticas e ideológicas. Conclui-se portanto que o tempo não é nem um conceito nem uma categoria natural, mas sim humana. O tempo é nada mais do que uma invenção do homem que lhe permite organizar e avaliar as suas actividades e o seu percurso histórico"
a minha Música de hoje
hoje acordei assim
palimpsesto.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

insónias;


Não quero ser quem sou, é evidente;
antes monstro qualquer com ar de gente
do que este tronco de árvore daninha
onde repousam ninhos de fantasmas
e brilham finos dentes de duendes.
Antes ser, no ar frio, nuvem que voa
branca de não ser nada, para leste,
do que esta sombra humana que me deste
sem dimensão nem cor, nem sábia hipnose,
nem o fulgor vulgar dos ectoplasmas.
Na pele esburacada já deitaram
semente microscópicos venenos;
vou-me deixar levar, por mão de verme,
antes que à luz do dia possas ver-me.
a minha Música de hoje
leituras
ao que te sabem os sonhos de ontem?
fórmulas mágicas.
um adregar aleatório que se amorfa, repetindo, de forma a formas; a forma, adequando de pleonasmo em pleonasmo o embotamento.

as formulas mágicas têm um sabor ácido na boca.